Pandemia reduz poluição do Rio Tietê, diz SOS Mata Atlântica
Análise mostra que mancha de poluição somou 150 quilômetros de extensão e, pela primeira vez desde 2010, não foram registrados trechos com água de péssima qualidade
O Coronavírus modificou o comportamento das pessoas e isso se refletiu na qualidade da água do Rio Tietê, um dos principais do Brasil. Uma análise dos últimos 12 meses mostra que a mancha de poluição somou 150 quilômetros de extensão e, pela primeira vez desde 2010, não foram registrados trechos com água de péssima qualidade. Também se observou uma estabilidade da qualidade do recurso hídrico nos 83 pontos monitorados em relação a 2019. Os dados são do relatório “Observando o Tietê”, que foi divulgado nesta terça-feira (22), pela SOS Mata Atlântica. O grupo monitora 576 dos 1,1 mil quilômetros do rio.
Nas avaliações feitas entre setembro de 2019 e agosto de 2020 – com interrupção entre março e julho por causa da pandemia, a qualidade de água ruim foi verificada em trechos que antes estavam no nível péssimo. No ano passado, o trecho considerado “morto”, com água imprópria para uso ou vida aquática, foi de 163 quilômetros. Além disso, a qualidade da água melhorou em 94 quilômetros, atingindo a condição boa, um indicador que não era obtido há décadas. Somando com os trechos de qualidade regular, também própria à vida aquática e uso humano, o total é de 382 km.
Mas é importante destacar que um trecho de 44 quilômetros entre os municípios de São Paulo e Barueri, a partir da Ponte da Rodovia Anhanguera, não foi analisado este ano. Na série histórica, essa porção do rio costuma apresentar condição péssima, mas se for considerada ruim nesta avaliação, a mancha teria uma extensão de 194 quilômetros. “Dessa vez, mesmo que fosse considerado o trecho inteiro, a condição estaria ruim, não péssima”, diz
Para a gerente da SOS Mata Atlântica, Malu Ribeiro, essa melhora é reflexo do comportamento humano alterado pela pandemia. “As pessoas ficaram mais em casa, teve menos lixo na rua, que assim não foi para os rios, e houve menor pressão sobre os recursos hídricos por parte das atividades industriais e do agronegócio. O consumo doméstico aumentou, mas, de forma geral, a pressão foi menor.”
Da Redação Cerrado News