Crimes à espera de resposta
Em alguns casos, familiares esperam por justiça há mais de uma década. Falta de provas e sequência de recursos prolongam o sofrimento de pais, mães e filhos.
Há inúmeros casos sem um desfecho. Entre eles estão adolescentes que desapareceram. Também há crimes que seguem sem data para julgamento, angustiando as famílias, que buscam por respostas e justiça.
Em um dos casos, a mãe do estudante Murilo Soares está há mais de uma década sem saber o que aconteceu com ele. O garoto desapareceu após uma abordagem policial. A morte do comentarista esportivo Valério Luiz segue sem uma conclusão há nove anos. Réus já foram mandados a júri popular, mas a data já foi desmarcada várias vezes.
Veja crimes que estão à espera de resposta:
Robertinho: morto dentro de casa pela PM
Roberto Lourenço da Silva tinha 16 anos quando foi baleado e morto dentro de casa por policiais militares à paisana, em abril de 2017, em Goiânia. Os réus sempre alegaram legítima defesa e respondem ao processo em liberdade.
Os militares desligaram o relógio de energia. O pai da vítima, que também se chama Roberto, pegou uma arma que tinha em casa, adquirida após sofrer um assalto, e deu um tiro para cima. Na sequência, foram dados vários tiros de fora da casa para dentro. De acordo com a investigação, Robertinho foi atingido por mais de dez disparos e morreu no local.
Em 12 de maio deste ano, um despacho do Tribunal de Justiça deixou sem data o julgamento dos PMs acusados do crime devido à pandemia de Covid-19 e por priorizar julgar os processos com réus presos.
Assassinato de Valério Luiz
O comentarista esportivo Valério Luiz foi assassinado em julho de 2012, com vários tiros, quando saía da rádio em que trabalhava na capital. A motivação do homicídio foi, segundo a polícia, comentários feitos pela vítima, os quias teriam gerado “acirrada animosidade e ressentimento” por parte de um dos acusados, entre eles Maurício Sampaio, então presidente do Atlético Clube Goianiense, que sempre alegou inocência.
A data para o júri popular já enfrentou diversas barreiras, como falta de estrutura, desmembramento do processo e afastamento do juiz responsável pelo caso. Agora, devido à pandemia, o julgamento segue sem uma data para que seja realizado.
Lilian Oliveira: morta após voltar de viagem à Colômbia
Lilian de Oliveira, de 40 anos, foi assassinada em fevereiro de 2020 após voltar de uma viagem à Colômbia. Um empresário com quem ela teve um relacionamento extraconjugal, um amigo dele, e a babá da filha dele com a vítima são acusados do crime. Todos negam envolvimento com o assassinato.
Segundo a polícia, o corpo de Lílian foi incinerado. A motivação do crime seria o fato de o ex-companheiro ter desavenças com relação aos gastos com a vítima e pagamento de pensão para filha deles. A Justiça aceitou a denúncia contra os três, mas a data para o julgamento ainda não foi marcada.
Iasmin Martins: criança estuprada e morta em Catalão
Iasmin Martins de Souza tinha apenas 8 anos quando foi estuprada e morta em Catalão, em dezembro de 2013. Ela tinha saído da casa da avó para ir à feira encontrar a mãe, mas não chegou ao local. O corpo da menina foi encontrado nu da cintura para baixo e com um pano enrolado na cabeça, em uma casa em construção.
Um pedreiro chegou a ser preso à época suspeito do crime, mas um exame de DNA apontou que ele não tinha ligação com o estupro e morte. Em junho deste ano, outro investigado foi detido no Maranhão. Porém, um teste de DNA comprovou que ele também é inocente. O caso está arquivado.
Murilo Soares: adolescente que sumiu após abordagem da PM
O adolescente Murilo Soares tinha 12 anos quando foi visto pela última vez, durante uma abordagem da Polícia Militar, em abril de 2005, em Aparecida de Goiânia. Depois de 16 anos, o caso ainda está sem resposta e nenhum corpo foi encontrado.
Policiais militares acusados do caso foram absolvidos. Sem novos elementos que pudessem ajudar a desvendar o que aconteceu com Murilo, as investigações foram encerradas.
Deise Faria: desapareceu após ritual do Daime
Deise Faria Ferreira desapareceu em julho de 2015 após um ritual do Daime. A Polícia Civil concluiu que ela foi morta, mas o corpo nunca foi localizado. Dois homens foram indiciados por envolvimento na morte da auxiliar de enfermagem.
O engenheiro agrônomo Antônio David dos Santos Filho suspeito da morte, foi assassinado dentro do presídio. Já o policial militar aposentado Cláudio Pereira Leite, indiciado por ocultar o corpo, morreu em um hospital da capital devido ao agravamento da diabetes. Com a morte dos suspeitos, o caso foi arquivado.
Priscila Brenda: adolescente sumiu após entrar no carro do namorado
A adolescente Priscila Brenda Martins tinha 14 anos quando foi vista pela última vez, em 2012, entrando no carro do namorado em Pires do Rio. Ele e um amigo foram acusados pela morte da garota, embora o corpo nunca tenha sido encontrado.
Os dois sempre negaram envolvimento no crime. Eles estão em liberdade aguardando recurso no Superior Tribunal de Justiça. Não há data ainda para o julgamento.
Diego Martins: adolescente desapareceu após ir se matricular em colégio
Diego Martins Mendes tinha 15 anos quando desapareceu em novembro de 2011, após sair de casa para se matricular em um colégio. A Policia Civil chegou a indiciar o serial killer Thiago Henrique Gomes da Rocha pelo crime após ele confessar o assassinato do garoto.
Porém, durante o julgamento do caso, o réu foi absolvido da acusação. O Tribunal de Justiça ainda avalia um recurso com relação ao processo. A polícia nunca localizou o corpo do adolescente.
Edimila Ferreira: morta em banco de praça
Edimila Ferreira Borges, de 18 anos, foi assassinada no banco de uma praça no Setor João Braz, em agosto de 2013, na capital. Ela estava junto com a prima quando morreu. O serial killer Thiago Henrique Gomes da Rocha também foi apontado como autor do assassinato.
O acusado negou o homicídio e disse que foi obrigado a confessar durante o interrogatório. A prima da vítima não reconheceu Thiago Henrique como o autor do crime, e ele foi absolvido. O caso ainda está em tramitação no Tribunal de Justiça.
Thayná Ferreira: sumiu após sair com padrasto
A estudante Thayná Ferreira Alves desapareceu em fevereiro de 2017, quando tinha 21 anos, em Valparaíso de Goiás. Ela foi vista pela última vez entrando no carro do padrasto, que chegou a ser preso suspeito do crime. Com ele foram encontradas roupas e a bainha de uma faca com sangue, mas não ficou comprovado que seria da jovem.
O acusado está em liberdade e sempre alegou inocência. Não há data ainda para o júri popular. A polícia chegou a fazer buscas em uma área na zona rural onde o suspeito passou cerca de 3 horas no dia do desaparecimento, de acordo com a quebra de sigilo telefônico, mas nada foi encontrado.
Cerrado News/G1