Adolescente denuncia que foi alvo de injúria racial de professor em colégio de Luziânia
‘Falou que ia chamar minha mãe na escola porque eu era preta’, contou a estudante. Polícia Civil informou que está investigando, e Secretaria de Educação deve apurar internamente o caso.
A estudante Geovana da Silva Belford, de 15 anos, contou que foi alvo de injúria racial de um professor enquanto estava em sala de aula no colégio militar em que estuda, em Luziânia, no Entorno do Distrtio Federal. A família registrou o caso na Polícia Civil, que deve investigar o que aconteceu.
A redação não conseguiu contato com o Colégio Estadual Cívico-Militar Maria Abadia Meireles Shinohara, onde Geovana estuda, para pedir uma posição sobre o caso.
À TV Anhanguera, o superintendente de Segurança Escolar e Colégio Militar da Secretaria de Estado da Educação (Seduc), coronel Mauro Ferreira Vilela, disse que haverá uma investigação interna.
“O fato é lamentável. Nós aqui da Secretaria de Educação lamentamos e não coadunamos com esse tipo de situação”, afirmou.
Geovana contou que estava na sala de aula conversando com algumas colegas quando o professor pediu que ela mudasse de lugar.
“Olhando no meu olho, ele falou que ia chamar minha mãe na escola porque eu era preta. Na hora não tive reação nenhuma, não falei nada”, contou.
O treinador de futebol e tio da Geovana, Sidney Ferreira da Cruz, contou que a sobrinha vai para a casa dele todos os dias após as aulas e que, quando chegou do colégio no último dia 29 de outubro, contou o que havia acontecido.
Diante da situação, ele e a mãe de Geovana a acompanharam para tentar conversar sobre o ocorrido na escola.
“‘Vamos lá então resolver’, eu falei. Agora é o momento: a mãe dela está aqui, depois vocês podem conversar em particular. Peça desculpas. […] Um olhar arrogante, não falou nada”, descreveu o encontro com o professor e um representante do colégio.
Ainda durante a conversa, Sidney disse que ouviu de um representante da escola que não havia racismo no Brasil:
“Eu fiquei machucado quando pegou uma foto do celular dele e falou que o tio dele era negro. Ele falou: ‘no Brasil não tem racismo, os próprios negros que fazem o racismo’. Eu quero justiça”.
Geovana e a família foram à delegacia da cidade e registraram o caso de injúria racial. A Polícia Civil informou, por meio de nota, que o caso está sendo investigado, mas que a Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (Depai) da cidade “não irá se manifestar no momento, a fim de preservar as investigações”.
Mesmo depois da situação e da denúncia, Geovana continuou indo à escola para não perder o ano. No entanto, de acordo com o tio, as aulas do professor que a ofendeu, ela não tem frequentado.
“Ela me contou que já ouviu coisas parecidas em outros momentos da vida e fiquei muito orgulhoso dela por ter decidido falar, denunciar”, comentou o tio.
Apesar do momento delicado, Sidney disse que Geovana tem enfrentado a situação de frente, assumindo o seu lugar.
“Ela contou que tem sofrido com comentários maldosos de colegas que não acreditam nela, mas eu falo para ela que o que importa é que ela disse a verdade. Para uma garota da idade dela, tem se mostrado muito madura”, disse.
Cerrado News/G1