O perfil de investimento do mercado imobiliário em Goiás vem mudando ao longo dos últimos anos. As grandes empresas do ramo goiano estão voltando seus olhares para o interior do estado. São cidades de médio e pequeno porte que chamam atenção por conta do crescimento populacional, crescimento econômico e do aumento do poder de compra dos moradores dessas localidades.
Segundo o Instituto Mauro Borges, as cidades fora da região metropolitana correspondem, atualmente, a 60% do Produto Interno Bruto – PIB de Goiás, o que equivale a 117 bilhões de reais, segundo estimativas para 2018, feitas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE.
As oportunidades de emprego fora dos grandes centros urbanos têm levado muitas pessoas para o interior do estado, mas há, também, outra demanda que impulsiona esse fluxo para fora da capital. A tranquilidade e uma vida menos agitada também são motivos que têm levado muitas pessoas a procurar cidades menores para fixar residência.
Vários empreendedores têm investido, cada vez mais, no processo de interiorização. Leandro Daher, sócio-diretor da Tropical Urbanismo, explica que a população das cidades menores anseia por espaços urbanos mais planejados. A empresa está presente em 28 municípios do interior com loteamentos e projetos de incorporação.
“Mesmo em cidades menores, observamos que a população local e novos moradores já conhecem o conceito de cidades mais ordenadas, com planejamento e infraestrutura completa. Quando levamos esses projetos a essas cidades, não cumprimos apenas os sonhos desses moradores, mas contribuímos para o desenvolvimento das cidades do interior”, comenta ele.
As cidades do interior do estado de Goiás que experimentaram ao longo das últimas décadas um crescimento exponencial também têm demanda para a casa própria em bairros planejados. É o caso das cidades do entorno do Distrito Federal que ainda são reconhecidas pela falta de infraestrutura básica, saneamento básico, asfalto e equipamentos públicos como praças.
Águas Lindas de Goiás está nesse grupo de cidades e se destaca pelo aumento significativo de moradores, que ultrapassa a casa das 212 mil pessoas, segundo estimativas do IBGE para o ano de 2019. Esse quantitativo é resultado da chegada de mais 53 mil habitantes na última década. Segundo o Instituto Mauro Borges, Águas Lindas foi a cidade com o maior déficit habitacional em Goiás. Em 2018, 8 mil famílias moravam em habitação precária na cidade, o que corresponde a 28% do total das famílias nessa situação em todo o estado.
É sob essa lacuna que o Jardim do Éden foi pensado. Rodrigo Lima, sócio do empreendimento, explica que esse loteamento foi elaborado, com infraestrutura completa, para suprir essa necessidade de Águas Lindas e ocupar um vazio urbano da cidade. O bairro planejado terá a capacidade de receber 1000 famílias, quando as quatro etapas do empreendimento forem concluídas.
“Águas Lindas é uma das cidades do entorno do DF que carece de espaços com infraestrutura completa. Depois de muitos anos, somos um dos primeiros locais que oferecem aos moradores da cidade essa qualidade de vida. Na cidade não há local residencial que já venha com todos os equipamentos necessários para uma vida digna, como água encanada, rede elétrica, asfalto, praça”, diz ele.
Rodrigo Lima, empreendedor e desenvolvedor imobiliário, explica que encontrou oportunidade, em Águas Lindas, por conta da proximidade com Brasília. “Muitos trabalhadores do Distrito Federal procuram as cidades do entorno para morar. Eles buscam essas cidades porque o valor dos lotes cabe no bolso. Além disso, Águas Lindas é cortada por uma rodovia duplicada que leva os moradores até o plano piloto em pouco tempo. O trajeto, normalmente, é feito em uma hora. É uma comodidade para os trabalhadores”, complementa ele.
Ele lembra que por muito tempo Águas Lindas foi considerada uma cidade-dormitório. Hoje, esse rótulo ficou para trás. “O perfil de Águas Lindas está se desenvolvendo no setor de serviços, ampliando a oferta de empregos. O sentimento de pertencimento tem se fortalecido entre os moradores, que anseiam por melhorias porque ali querem permanecer”, diz o empreendedor.
Reflexo disso é que, de 2019 para 2020, o metro quadrado na cidade teve uma valorização de 30%, segundo estudos da urbanizadora. Rodrigo Lima lembra que parte dos compradores que chegam ao stand de vendas querem investir na cidade. “As pessoas querem morar aqui porque trabalham aqui, seus filhos estudam aqui ou tem uma pequena empresa na cidade. Outra parte das pessoas que nos buscam enxergam a compra de lote como uma ferramenta de investimento”, completa.
Mais projetos
Não é apenas no entorno do DF que os investimentos acontecem. Outras cidades do interior de Goiás chamam atenção das empresas do mercado imobiliário. O Jardim Europa, em Piracanjuba, é um desses projetos desenvolvidos pela Tropical Urbanismo. Ele foi destaque de vendas em 2020: 130 em oito meses. “Mesmo em uma cidade pacata e com uma economia praticamente agropecuária familiar, o desejo de viver em um imóvel próprio e um um bairro com qualidade de vida não muda”, comenta Valdemar Queiroz, gerente de vendas. O loteamento já conta com infraestrutura completa pronto para construir e em breve entregará para a cidade, um bosque verde de 129 mil m², com equipamento de ginástica ao ar livre e playground.
Na região sul do estado se destacam Catalão e Rio Verde, cidades de médio porte e que possuem um perfil econômico e demográfico muito semelhantes. No decorrer das últimas duas décadas elas viveram um boom populacional e chegaram quase a dobrar de tamanho. Os principais fatores para o aumento populacional nessas duas cidades são as atividades econômicas ligadas à indústria e ao agronegócio.
Diante a esse cenário de potencialidade, algumas empresas já consolidadas na capital também passaram a investir nos municípios. Esse é o caso da URBS Imobiliária, que também possui projetos de urbanização e incorporação. Junto com parceiros, ela levou para Catalão o Polaris, primeiro complexo comercial de uso misto da cidade. José Humberto, diretor executivo da empresa, explica que o empreendimento reúne um centro de vendas, um centro clínico e um centro de eventos no mesmo espaço. São 297 salas que vão atender empresas, profissionais liberais e clínicas.
Outra cidade de destaque no interior goiano, com esse perfil, é Rio Verde. José Humberto comenta que a empresa chegou à cidade após observar uma demanda por moradias com mais espaços e com maior segurança. “Nossa empresa sentiu que muitos moradores ansiavam por um lugar mais seguro para viver com a família. Assim, lançamos em 2020 um condomínio horizontal com 415 lotes. Além dela, também estamos em Morrinhos e Itumbiara. Sem sombra de dúvida, o mercado do interior já se consolidou. Ele representa mais de 15% de todos os nossos produtos”, explica ele.
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