As rodovias do Distrito Federal e Entorno tiveram aumento considerável na apreensão de drogas entre 2017 e o primeiro semestre de 2021. Das oito mais confiscadas, maconha, cocaína e anfetamina apresentaram o maior quantitativo. Os números fazem parte de um balanço obtido com a Polícia Rodoviária Federal (PRF). Um dos principais motivos é que a capital do país faz parte da rota do tráfico para esses entorpecentes, transportados de países como Bolívia, Peru e Paraguai para dois grandes centros de distribuição — chamados de entrepostos —, em Goiânia e São Paulo.
No caso da maconha, a principal apreendida, a quantidade confiscada pelos agentes no primeiro semestre de 2017 foi de 273kg. Neste ano, no mesmo período, o total chegou a 3,4 toneladas — aumento de 1.100%. Chefe do Núcleo de Comunicação Social da PRF em Brasília, Pamela Vieira explica o motivo de o recolhimento desse entorpecente ser maior: “Pegamos muito mais maconha porque ela tem valor menor de mercado. Já cocaína tem valor maior e é transportada em menor quantidade. Ela é produzida principalmente no Peru e na Bolívia, entrando no Brasil por duas rotas conhecidas: a Norte — por Rondônia — ou a Centro-Oeste, pelo Mato Grosso. Ela passa pelo Distrito Federal e pode ser que fique aqui, para consumo na região, ou encaminhada para o litoral, onde pode ser enviada para outros países”.
No primeiro semestre do ano passado, a quantidade de cocaína apreendida surpreendeu agentes da instituição. Em 12 de janeiro de 2020, na BR-050, próximo a Cristalina (GO), policiais encontraram cerca de 1,1 tonelada de pasta base da substância no tanque de uma carreta de óleo vegetal. Devido à excepcionalidade do caso, a quantidade recolhida pela PRF na primeira metade levou a uma diminuição de 96%, resultado dos 47,3kg encontrados pelas equipes.
As anfetaminas também preocupam, por representarem risco ao trânsito. Neste ano, a instituição apreendeu 368 comprimidos. “Boa parte das que pegamos está com caminhoneiros, pois muitos usam. Em relação a outras drogas como ecstasy, elas vão parar em raves. No entanto, com a pandemia — e sem festas com a mesma frequência de antes —, esses entorpecentes passaram a circular menos. Apreendemos mais maconha porque o usuário costuma fumar todo dia. Já a droga sintética está mais aliada ao uso em eventos”, compara Pamela.
Em relação às prisões por tráfico, houve 23 casos nos seis primeiros meses deste ano. Na série histórica, que começa em 2017, a PRF apreendeu o equivalente a R$ 13,6 milhões em maconha e R$ 59,7 milhões em cocaína. Um grama da primeira custa R$ 1, em média, segundo tabela da instituição, enquanto a mesma quantidade da segunda vale, aproximadamente, R$ 41. Não há precificação estimada para os demais tipos de droga.
Para o professor de direito e pesquisador do Grupo Candango de Criminologia da Universidade de Brasília (GCCrim/UnB) Welliton Caixeta Maciel, os números evidenciam um esforço para combater o tráfico e para desarticular as redes vinculadas a esse tipo de delito. No entanto, ele critica a diferença na abordagem dos alvos. “O tratamento muda a depender da área de atuação. Naquelas onde, mesmo se sabendo da existência de alto consumo de drogas em vista do poder aquisitivo dos usuários, como condomínios e áreas geograficamente nobres, a fiscalização, a prevenção e a repressão policial evidenciam filtros de seletividade no cumprimento da lei”, analisa.
Cerrado News/CB
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