Segundo a ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria) não há estatísticas sobre a prevalência do transtorno no Brasil. Na população mundial, é estimada em 2%, embora estudos mostrem que a proporção pode chegar a 5,9% —é que boa parte dos casos deve ficar sem diagnóstico adequado. Nos ambulatórios de psiquiatria, representa em torno de 20% dos pacientes. De 8 a 10% dos indivíduos com esse tipo de transtorno cometem suicídio.
De acordo com a Psicóloga Ana Nunes de 37 anos, Pacientes com transtorno de personalidade borderline não toleram estar sozinho, fazem esforços frenéticos para evitar o abandono e geram crises, como tentativas suicidas, de tal forma que levam os outros a resgatá-los e cuidar deles. Afirma ainda que traumas no decorrer da vida podem trazer este transtorno a pessoa. “Estresses durante a primeira infância podem contribuir para o desenvolvimento do transtorno de personalidade borderline. História infantil de abuso físico e sexual, negligência, separação dos cuidadores e/ou perda de um pai é comum entre pacientes com transtorno de personalidade borderline”.
Ana relata que os pacientes com esse transtorno têm dificuldade de controlar sua raiva e muitas vezes se tornam inadequados e intensamente irritados. “Eles podem expressar sua raiva com sarcasmo cortante, amargura ou falação irritada, muitas vezes direcionada ao cuidador ou amante por negligência ou abandono. Após a explosão, eles muitas vezes sentem vergonha e culpa, reforçando seus sentimentos de que são maus Não existem exames de sangue ou de imagem que permitam o diagnóstico”. A psicóloga conclui que o indivíduo deve ser avaliado por um profissional de saúde mental qualificado, que irá analisar seu histórico e sintomas.
Carol Vilela de 24 anos possui borderline e conta como é conviver com esse transtorno “Antes de saber o que era muitos acreditavam que eu era uma jovem rebelde sem tolerância à frustração. Mas, enquanto um adolescente problemático pode melhorar com o tempo ou depois de uma boa terapia, eu cresci e não mudou muito é complicado controlar, eu me considero muito inteligente e alegre e mesmo com a terapia e a medicação ainda há situações que reajo como uma criança ao se relacionar com os outros e com as próprias emoções”.
Sintomas do borderline
O tratamento geral do transtorno de personalidade borderline é o mesmo que para todos os transtornos de personalidade. Com Psicoterapia e Fármacos, a terapia cognitivo-comportamental focaliza a desregulação emocional e a falta de habilidades sociais enquanto os remédios controlados funcionam melhor quando usados com moderação e sistematicamente para sintomas específicos.
A especialista finaliza contando que ainda que o tratamento faça a diferença, não dá para dizer que o transtorno borderline vai desaparecer da vida do paciente, como uma infecção resistente que finalmente é controlada com o antibiótico certo. Se isso acontecer, é provável que o indivíduo não tenha borderline. Os especialistas preferem falar em “pequenas curas que se somam”: as relações ficam mais estáveis, a tolerância à frustração aumenta, a capacidade de reflexão se expande e controlar certos impulsos torna-se possível. A vida fica produtiva e satisfatória.
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