Goiás confirmou, nesta terça-feira (22), a primeira morte por dengue de 2022, segundo o coordenador Murilo do Carmo, da Secretaria de Saúde do Estado de Goiás (SES-GO). Segundo ele, a vítima é uma mulher de 54 anos que morava em Inhumas, na Região Metropolitana de Goiânia. De acordo com a secretaria, o estado registrou um aumento de 215% no número de casos da doença, em comparação com o ano passado.
“O estado de Goiás hoje investiga outros óbitos que estão suspeitos de dengue, inclusive, acabamos de confirmar um óbito no município de Inhumas, que é o primeiro óbito confirmado em 2022”, disse Murilo.
Segundo a SES-GO, outras 13 mortes estão em investigação. O coordenador lembra que pessoas com comorbidades ou que já pegaram dengue alguma vez estão mais propensas a terem casos graves da doença.
“As pessoas quando tem dengue pela segunda, pela terceira vez, aumenta muito o risco de caso grave e de complicações da doença. Dengue não escolhe faixa etária e, pelos estudos, temos visto que pessoas que tem alguma comorbidades, entre elas, hipertensão, diabetes, doenças renais ou cardíacas, são as pessoas que estão vindo a óbito por dengue”, disse.
A infectologista Juliana Barreto explica que alguns sintomas, como vômito, são sinais de alerta da dengue.
“Se começar com vômitos e dor abdominal persistentes, isso é um sinal de alerta da dengue. A pessoa começa a ter insuficiência hepática, que às vezes leva a dor abdominal e isso é muito importante. Uma febre alta persistente e qualquer sangramento. Se a pessoa não está nem conseguindo ficar em pé, é um sinal de alerta grave”, disse.
Dados da SES mostram que os casos de dengue aumentaram mais de 215% nas primeiras semanas deste ano na comparação com mesmo período de 2021. Além dos 24.710 casos notificados nestas primeiras semanas, a secretaria investiga também as mortes provocadas por dengue.
A aposentada Nelma Carneiro teve dengue recentemente e precisou ficar três dias internada. Além dela, o marido e vários vizinhos também tiveram a doença. Nelma diz que o bairro onde mora está cheio de lotes baldios, onde ela acredita que esteja cheio de focos do mosquito Aedes aegypti.
“Eu tinha dores nas juntas muito fortes, dor nos olhos, doía os olhos como se fosse arrancar. Eu sentava na cama, ficava tontinha e ia desfalecendo, eu falei: ‘Eu vou morrer’. Meu marido falava: ‘Calma, é assim mesmo, você está tomando soro’. Até hoje eu sinto fraqueza”, disse Nelma.
Pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Leonardo Basto diz que Goiás vive uma epidemia de dengue e que isso é preocupante. Ele explica que é preciso que a população tome cuidado e que ações de políticas públicas sejam tomadas.
“Quando é numa região pequenininha a gente chama de surto, mas quando é um estado, a gente já pode falar que é uma epidemia. A implicação disso é que temos muitos casos e, desses casos, alguns podem evoluir para casos mais graves da doença e, infelizmente, a gente sabe que a dengue mata”, disse.
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