Homem ateia fogo a barraca de moradores de rua em Águas Claras, no DF
Segundo testemunhas, suspeito alegou ser policial, comprou álcool em supermercado próximo ao local e disse que ia “meter bala” se grupo não saísse dali. Administração diz que acionou polícia.
Um homem ateou fogo à barraca de moradores de rua, nesta quarta-feira (23), em Águas Claras, no Distrito Federal. Segundo testemunhas, o suspeito comprou álcool em um supermercado próximo ao local e disse que ia “meter bala” se o grupo não saísse do espaço.
Uma moradora fez um vídeo do momento em que a barraca estava em chamas (assista acima). Nas imagens, ela questionou um dos moradores de rua sobre a situação. “O cara falou que era policial. A gente vai bater em polícia?”, respondeu o homem.
A Polícia Militar do DF afirma que não foi chamada para atender a situação. Já a Administração de Águas Claras disse que, por se tratar de um crime, encaminhou a demanda para os órgãos que podem investigar o caso, como a Polícia Civil.
A administração informou ainda que faz um monitoramento das pessoas em situação de rua e chama a Secretaria de Desenvolvimento Social do DF (Sedes) para tentar dar encaminhamento a essa população.
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Morador de Águas Claras, no Distrito Federal, ateou fogo na barraca de uma pessoa em situação de rua — Foto: Reprodução/TV Globo
Preconceito social
Uma das testemunhas contou à TV Globo que o homem estava no celular, e disse que estava conversando com a polícia. Um dos donos da barraca perguntou se o homem faria algo com eles e, em resposta, o suspeito disse que queimaria tudo.
A Associação de Moradores de Águas Claras (AMAC) repudiou o ato. O diretor de comunicação da associação, Marcelo Marques, afirmou que, nos últimos meses, houve um aumento considerável no número de pessoas sem-teto na cidade.
“É necessário que sejamos solidários com essas pessoas que estão nas ruas, não porque querem, mas sim por necessidade”, aponta. “E é necessário também cobrarmos do governo ações voltadas para essa população de rua afim de evitar que elas venham sofrer atos de vandalismo.”
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Pertences de pessoas em situação de rua após homem atear fogo em barraca em Águas Claras, no DF — Foto: Reprodução/TV Globo
Para o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil no DF (OAB-DF), Idamar Borges, o ato se trata de um preconceito social, em virtude de uma discriminação de classe, e configura crime.
“Além de preconceito social, eu poderia dizer que nós estamos diante de um crime de incolumidade pública, que seria atear fogo em via pública, podendo causar risco à vida de transeuntes, inclusive dos próprios moradores de rua”, afirma Borges.
A pena por preconceito social tem pena de um a três anos de reclusão. Já a de incolumidade pública tem pena de três a seis anos.