Segundo o Ministério da Saúde a ligação das trompas é uma maneira quase 100% eficaz para evitar a gravidez, com índice de falha de apenas 2%. A ginecologista Samanta Vieira explica que a “ligadura das tubária ou laqueadura, é uma cirurgia para a esterilização voluntária definitiva, na qual as trompas da mulher são amarradas ou cortadas, evitando que o óvulo e os espermatozoides se encontrem. Há dois tipos de laqueadura: abdominal e vaginal”.
A laqueadura pode ser realizada via abertura da cavidade abdominal para ter acesso às tubas (procedimento mais comum no SUS e que requer internação hospitalar) ou por laparoscopia (menos invasivo). De qualquer maneira, é importante salientar que existe uma taxa mínima de falha e que cinco em cada 1.000 mulheres ficaram grávidas após o procedimento. Ainda assim, a laqueadura é considerada um método eficaz e de difícil reversão.
Mas a legislação brasileira diz que a cirurgia está disponível na rede pública para as mulheres com mais de 25 anos ou dois filhos vivos. Se a mulher for casada, é necessário o consentimento do cônjuge (em caso de vasectomia a esposa também precisa concordar com a realização do procedimento). Porém existe um Projeto de Lei 4515/20 que visa permitir que optem pelos procedimentos homens e mulheres a partir de 20 anos, independentemente de terem filhos. E acaba com a exigência de consentimento expresso do cônjuge para a esterilização.
Foi a decisão de Maria Rita, 30 anos e mãe de 4 filhos, dona de casa, que teve gêmeos prematuros na maternidade. “Quando engravidei e descobri que seriam gêmeos, disse a mim mesma que faria a cirurgia, não tenho mais condições de ter filhos”, afirma. A mãe relata que foi muito bem acolhida quando chegou à maternidade. “Em todo o momento tive o acompanhamento e a orientação necessária para a realização do procedimento, sem arrependimentos, o método é eficaz e acredito que muitas mulheres não querem ser mães e já que o aborto não é legalizado a laqueadura deveria ser mais fácil realizar”, comenta.
O procedimento
De acordo com a ginecologista, a mulher deve procurar a unidade básica de saúde mais próxima e manifestar o desejo de fazer a laqueadura. Ela então será encaminhada para uma ou mais reuniões sobre planejamento familiar e também será orientada sobre outros métodos contraceptivos. Depois, será ouvida por uma equipe composta por psicóloga, médicos e assistente social. Neste momento, por meio de perguntas e muita conversa, serão indagadas sobre o desejo de realizar a cirurgia, pois muitas vezes a mulher não sabe que o procedimento é um método irreversível. Por isso, existe um tempo determinado pela lei denominado “tempo de reflexão”, período de 60 dias em que ela dá o aval para a cirurgia, assina a papelada necessária e começa os trâmites de encaminhamento para o hospital de referência. A cirurgia só deve ser marcada após esse período; se ela quiser desistir nesse meio tempo, ela tem direito. O tempo para todo o processo varia muito, porque depende da disponibilidade dos grupos de planejamento familiar nas UBS e de leitos hospitalares e da agenda dos médicos.
As trompas são cortadas, amarradas, cauterizadas, obstruídas ou fechadas com grampos e anéis, impedindo que os espermatozoides se encontrem com os óvulos. Exige anestesia de algumas horas ou até um ou dois dias.
A especialista finaliza que a decisão sobre ter ou não filhos deva ser da mulher “o direito de querer ou não ser mãe é da mulher e não do estado, nenhum procedimento é 100% eficaz mas vc ter um leque de opções de se proteger, e ter a opção de um método que não te encha de hormônios, que mudem seu corpo que te deixe propensa a outras doenças é o essencial”.
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