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“Se não tivermos apoio, entramos mesmo em depressão”, diz enfermeira na linha de frente ao Coronavírus

Enfermeiros e profissionais de saúde que trabalham na linha de frente no combate à Covid-19 relatam experiências pessoais e profissionais

 

Uma pandemia provocada pelo Coronavírus mudou e afetou o mundo inteiro. É quase impossível achar alguma atividade que não tenha sido impactada. E na linha de frente dessa difícil fase estão os chamados serviços essenciais que não podem parar. Entre eles, os profissionais de saúde. São eles que lutam bravamente diariamente para garantir saúde a todos e recuperar as pessoas enfermas. Até o fechamento dessa reportagem, o Brasil registrou mais de 3 milhões e 800 mil recuperados, que passaram pelas mãos desses que são lembrados como heróis. Para salvar vidas, eles tiveram que mudar drasticamente a rotina, estão longe dos familiares e convivem diariamente com o inimigo invisível.

A equipe do jornal CERRADO NEWS esteve na Escola Estadual Marajó, no bairro Parque Marajó, em uma ação realizada pelo Governo de Valparaíso de Goiás, no combate à Covid-19 e ouviu relatos de enfermeiros e profissionais de saúde. Na quadra de esportes, que antes era ocupada por jovens se divertindo e praticando esportes, estão enfermeiros, clínicos gerais, bombeiros, profissionais do Samu, policiais, pacientes doentes e sadios, mesas, cadeiras e mais de mil testes rápidos disponibilizados à população dos bairros ao redor.

Na mesa 13, duas enfermeiras e o autor desse texto. “Olha, até agora de nove pessoas que passaram por essa mesa, sete testaram positivo”, ponderou a enfermeira que preparava a agulha para furar meu dedo. “Serei o terceiro negativo do dia”, torci, antes de fazer o teste. Enquanto aguardava os 10 minutos até sair a resposta, as enfermeiras me explicavam como funciona o exame e me passavam todas as orientações. Após um tempo, vem a resposta: “deu negativo”, comemorou ela e eu em seguida.

Agora mais tranquilo, ela me relatou sua rotina. “Em um primeiro momento ficamos muito receosas por não entender a doença. Agora com os estudos, com a experiência que vamos adquirindo, vamos acalmando um pouco o coração. Claro, não deixando de ter os cuidados especiais. Tenho um pai cardíaco, o vejo apenas de longe e infelizmente não posso abraçar, pois apesar de estar sem sintoma nenhum, posso ser assintomática. Em casa a gente chora sentindo aquele chamego familiar. Foi uma mudança muito radical em nossa vida. Nós brasileiros temos o costume de estar em contato um com outro, seja com abraços, carinhos ou beijos. Mas entendo que essa nova rotina é essencial para assegurar nossa saúde, assim como a do próximo. Temos que ter a presença de Deus em primeiro lugar sempre e ter a mente limpa, sem pensamentos negativos. Assim como tivemos outras pandemias e superamos, passaremos também por essa, mas lógico, temos que lamentar muito pelas perdas de vidas, pois isso dói muito”, relatou Kelly Fernanda.

“Peguei esse vírus no início da pandemia, fiquei muito mal e cheguei a ficar 20 dias afastada do meu trabalho. Infelizmente minha família inteira pegou. Eu fiquei com a situação mais crítica”

Saí dessa mesa, desejei saúde a elas e que outros testes negativos sejam realizados. Olhei ao redor e vi a diretora de atenção básica da Covid-19, Sônia Maria, andando pelas mesas, passando orientações, entregando água e resolvi bater um papo com ela. “Olha, eu peguei esse vírus no início da pandemia, fiquei muito mal e cheguei a ficar 20 dias afastada do meu trabalho. Infelizmente minha família inteira pegou. Eu fiquei com a situação mais crítica”, iniciou seu incrível relato. “Meu pai tem 79 anos e minha mãe, 76. O Coronavírus trouxe mudanças radicais em nossas vidas. Minha irmã também trabalha na linha de frente e se contaminou em um hospital de campanha. Foi um passando para o outro. O convívio em família, apesar de ter ficado um clima muito pesado por causa do medo, foi muito boa e respeitosa. Minhas recomendações como enfermeira foi informar a todos a seguir os protocolos de segurança. É muito importante passar essas orientações e seguí-las. Passamos força um ao outro e todos nós conseguimos nos recuperar. Fomos vencedores”, comemorou. “Nosso psicológico se abala muito. Se a pessoa não tiver apoio, entra em depressão. Quem apresenta sintoma fica abatido, pois quando estamos contaminados, ficamos esperando o pior, esperando a doença piorar, ficamos com medo de morrer. E se isso viesse a ocorrer, como iríamos cuidar dos nossos pais? Então esse apoio é primordial. Seja com uma palavra amiga no WhatsApp, no Facebook. Tudo é importante nesse momento”, finalizou.

Organização e rapidez foram elogiados por pacientes atendidos no espaço. (Foto: Linice Moreira)

Em relação aos pacientes, o clima fica dividido. Quando sai o resultado negativo, alívio. Do outro lado, o medo e a apreensão: “Vou me cuidar”, relatou rapidamente um paciente na saída da escola, sem ser identificado.

A organização, rapidez e atendimento foram elogiados por quase todos que passaram pelo espaço.

“Achei o teste super tranquilo, as pessoas foram muito simpáticas e tudo muito rápido”, diz Geovana Vitória. “Muito rápido o atendimento, as meninas foram muito atenciosas, cheguei aqui e em menos de 20 minutos fui atendida e já estou saindo com meu resultado”, comemorou outra paciente, Geziane Magalhães.  “Achei muito bom, muito especial por estar aqui hoje e meu teste deu negativo, graças a Deus. Que Ele abençoe cada um de vocês”, desejou Gildeci de Brito. “Isso tudo vai passar logo e vamos voltar ao normal”, torceu Paulo Sérgio.

“Que Deus abençoe todos vocês”

Em Valparaíso de Goiás, a ação ocorreu nas duas três semanas, e segundo a Secretaria Municipal de Saúde, o evento deve se repetir nos dois próximos sábados.

Debaixo da trave, onde são comemorados os gols, clínicos gerais orientam pacientes que testaram positivo. Ao se levantar da cadeira, esses heróis e pessoas receosas com o vírus, esperam ansiosamente por mais um grito de gol. A vitória no final dessa “partida”, esperando gritar é campeão contra o adversário chamado “Coronavírus”.

Especial para o Cerrado News

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