Setembro Azul: No Brasil, apenas 7% de deficientes auditivos têm diploma de ensino superior
Ao todo, são mais de 10,7 milhões de deficientes auditivos no país. A campanha tem como’ objetivo debater a visibilidade e conscientização para a inclusão da comunidade surda
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), uma a cada dez pessoas podem ser afetadas com a perda auditiva até 2050 no mundo. Ou seja, 900 milhões de pessoas poderão ter surdez. E, por isso, é importante um mês dedicado à conscientização sobre a acessibilidade da comunidade surda. A cor símbolo da campanha vem da Segunda Guerra Mundial. Os fuzis das pessoas com a deficiência tinham uma fita azul para diferenciá-las.
Na avaliação da especialista em saúde auditiva Gilvania Barbosa, da clínica Microsom, o setembro azul é o momento das pessoas da comunidade surda debaterem as políticas de inclusão. “Infelizmente, ainda é muito limitada a questão da acessibilidade e visibilidade da sociedade surda. E não é só no Brasil, é no mundo”, afirma a Barbosa.
A especialista ressalta as conquistas da comunidade surda, mas ainda falta muito para ser o ideal. “Já temos telejornais, canais no Youtube com libras, mas ainda sim, temos muito o que conquistar para a inclusão dos deficientes auditivos. Atualmente, as empresas, hospitais, postos de saúde, delegacias não tem pessoas preparadas para atender esse público. Por exemplo: como fazer uma ocorrência policial?! Será que tem gente capacitada para se comunicar com a linguagem brasileira de sinais em todos esses locais?! Então, sabemos que há um longo caminho para se percorrer no Brasil”, explica a especialista.
Além do preconceito, a especialista alerta para a dificuldade enfrentada em estudar. “Segundo o MEC, estima-se que somente 7% dos surdos conseguem concluir o ensino superior, 15% terminam o ensino médio, 46% faz o ensino fundamental e 32% não tem grau de instrução. Esse dado ainda é muito preocupante, um número muito baixo de surdos escolarizados. Claro, já existem escolas especializadas, mas é um ganho muito gradativo”, ressalta Gilvânia.
Para Barbosa, se todos tivessem acesso à Língua Brasileira de Sinais desde a primeira infância, nas escolas, seria muito mais fácil a inserção dos deficientes auditivos na sociedade.