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Uma equipe de programação formada por alunos da Universidade de Brasília (UnB) ficou com a melhor posição entre os brasileiros em competição internacional ocorrida em Moscou, na Rússia, entre 1 e 5/10. O time que ficou na 47ª posição na classificação geral , à frente de instituições de renome como Stanford, é composto por José Marcos Leite, Luiz Felipe Gebrim e Thiago Veras, todos alunos do Departamento de Ciência da Computação da universidade. Os competidores foram acompanhados pelo ex-aluno da UnB e ex-competidor Matheus Pimenta, que desempenhou função de apoio nos treinamentos.
Trata-se de um evento internacional de programação competitiva onde os participantes resolvem problemas em programas de computadores. O campeonato tem uma série de etapas e Moscou foi escolhida para sediar a etapa mundial, que é também a última e, para a qual poucos times são classificados. Para chegar à etapa mundial é preciso passar pela regional, que se resume a uma disputa por continente. Antes dela, ocorrem disputas locais chamadas de “Sedes” que contam com a participação dos melhores times de cada universidade.
A disputa envolve uma prova que tem em torno de 12 a 15 problemas para serem resolvidos com soluções de programação pelos times compostos por três alunos. A maioria dos participantes são alunos de graduação, mas pode haver alunos de mestrado também. Cada time usa um computador para resolver a prova. A equipe que resolver mais problemas mais rápido ganha.
Nas competições de programação, os estudantes participantes utilizam questões de honestidade acadêmica e premissa de boa fé, como em qualquer evento dessa natureza. O destaque está na cultura de competição saudável e desenvolvimento pessoal por mérito próprio, que é desenvolvida pelos estudantes, de forma a estipular o aprendizado entre todos. “Assim ele poderá, com algum esforço, resolver este problema e outros similares por conta própria”, afirma o professor e coordenador da equipe, Guilherme Ramos.
Participam instituições do país e do mundo inteiro, então são mais de 50 mil alunos disputando para tentar chegar no mundial. No Brasil, cerca de 800 times representando em torno de 200 instituições competem todo ano. O evento nacional é coordenado pela Sociedade Brasileira de Computação (SBC ).
Preparação
Os times são definidos pelos próprios alunos que levam em consideração afinidades e habilidades. Para selecionar o time que representará a universidade nas competições, nos últimos anos foram realizadas etapas classificatórias internas, a última foi a IX Maratona UnB de Programação, que ocorreu em 29/9 durante a Semana Universitária.
Os competidores estudam as técnicas de programação competitiva e, semanalmente, participam de competições on-line com o objetivo de resolver a maior quantidade de questões no menor tempo possível. Quando não conseguem resolver uma questão, discutem o problema e buscam identificar como isso poderia ser solucionado. Guilherme afirma que o diferencial é que os estudantes do projeto sempre tentam resolver por conta própria, nunca buscam diretamente a solução.
O professor relata que, apesar dos treinos em alto nível exigirem muita dedicação, as habilidades desenvolvidas no processo aumentam a eficiência dos alunos nas disciplinas, sendo dessa maneira ter um equilíbrio. “Estamos fazendo estudos para acompanhar a evolução, mas temos resultados preliminares que indicam um impacto acadêmico positivo das atividades de programação competitiva”, conta.
Apoio e Incentivo
As principais iniciativas institucionais para incentivar a participação dos alunos são lideradas pelos professores Guilherme Ramos, Vinícius Borges e Edson Alves por meio de palestras de divulgação, disciplinas específicas voltadas para programação competitiva e realização de competições locais. “No início de cada semestre letivo, os competidores mais experientes realizam palestras para os ingressantes, visando divulgar informações sobre os treinos e motivá-los a participarem. Também criamos um projeto de extensão para incentivar alunos do ensino médio” pontua o professor.
Como qualquer projeto educacional, esse também foi afetado pelos cortes sofridos na educação. Com menos verba fica mais difícil direcionar apoio para as atividades da Maratona, mas sempre que possível, a UnB fornece verba para incentivar a participação em eventos e realização dos eventos locais. Quando não é suficiente, os integrantes do projeto custeiam o restante do próprio bolso. Para a participação no Mundial, a VTEX, patrocinadora da etapa nacional da competição, bancou o deslocamento até Moscou e os patrocinadores do evento bancaram a hospedagem.